Dia de Campo em Estrela discute irrigação, solos, pastagens, dieta para bovinos e controle biológico

Um público de cerca de 40 pessoas – entre agricultores e técnicos – participou nesta sexta-feira (30/10) de um Dia de Campo em que foram discutidos temas relacionados à irrigação, solos, pastagens, dieta para bovinos e controle biológico na lavoura de milho. Realizada na Granja Recanto da Volta, em Estrela, a atividade contou com quatro estações organizadas pela Emater/RS-Ascar, que atua de forma vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do Estado. Todos os cuidados relativos à pandemia de Covid-19 foram observados.

Anfitriões do dia, os agropecuaristas Werner e Marcelino Meincke – pai e filho - foram os responsáveis pela primeira estação, onde fizeram um relato histórico da propriedade, que fica na Linha Geraldo Alta. Produtores de gado de corte, contam atualmente com um plantel de cerca de 150 animais em processo de engorda, pretendendo ultrapassar os mil animais ao ano. "É um projeto que sempre tive em mente e que viria a se concretizar em 2015 com o apoio do meu pai", salienta Marcelino.

Foi nesse ano que Marcelino, diplomado em engenharia de controle e automação, largou o cargo de supervisor em uma importante multinacional brasileira, para investir na atividade que lhe acompanhava desde a juventude, quando Werner "vendia uns boizinhos para pagar as contas da granja". "O falecimento precoce de minha mãe também teve influência nesse processo", lembra. "Foi de lá para cá que resolvemos investir, qualificar, de forma sustentável, pensando não apenas na renda, mas também no bem-estar dos animais", explica.

A questão da sustentabilidade e do bem-estar dos animais dialoga, de alguma forma, com os temas propostos pelo dia de campo. "Cultivar pastagens, espacialmente se bem irrigadas, pode representar não apenas economia para os bovinocultores, como a produção de uma carne com mais qualidade", pondera. O gado confortavelmente instalado em um sistema de cama sobreposta, com espaçamento adequado e condições sanitárias mais saudáveis, completa a lógica de uso de da tecnologia como instrumento a favor da propriedade. "Eu poderia encher de animais aqui, porém o bem-estar é parte do projeto e acredito no fato de que seremos recompensados por isso", avalia.

Responsável pela estação de manejo da cultura de milho, o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar Álvaro Trierweiler reforça aquilo que é dito pelo agricultor. "Uma lavoura com boa produtividade carece de água e de bom manejo", lembra. Já na hora de fornecer alimento para o plantel, vale a lógica do equilíbrio, o que se consegue com uma dieta balanceada de pastagem, de silagem, de grão úmido e de sal mineral. "Tudo isso sem esquecer o melhoramento genético, que não deixa de ser um desafio, um gargalo do setor", afirma Werner.

Além de todos estes temas, o Dia de Campo contou com demonstrações práticas de irrigação e de implantação de controle biológico com o uso do Trichogramma (vespinhas), uma alternativa que impede o desenvolvimento das lagartas do cartucho e da espiga no milho. Em parceria com a Empresa Geoplan, de Piratini, os participantes puderam acompanhar a dispersão dos ovos de vespinha com a utilização de um drone. "A tecnologia, no final das contas, também influencia diretamente na permanência ou não dos jovens na propriedade", refletiu Werner. "Hoje em dia é preciso estar um passo a frente, antecipar ações", finalizou.