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GT de combate à violĂȘncia contra a população negra apresenta 24 propostas de prevenção ao racismo no RS

Por REDAÇÃO em 11/08/2021 às 07:30:00
Documento entregue a Leite sugere propostas em áreas como tecnologia, ensino, ouvidoria, acompanhamento e fiscalização - Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Documento entregue a Leite sugere propostas em áreas como tecnologia, ensino, ouvidoria, acompanhamento e fiscalização - Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Com o objetivo de compreender, combater e prevenir os diferentes tipos de racismo, principalmente nos órgãos pĂșblicos do Estado, o Grupo de Trabalho de Combate à ViolĂȘncia contra a População Negra entregou ao governador Eduardo Leite, nesta terça-feira (10/8), o relatório final dos trabalhos.

O documento apresenta 24 propostas que englobam tecnologia, ensino, treinamento, criação de uma secretaria especĂ­fica e de um selo, ouvidoria, acompanhamento e fiscalização, recursos financeiros, parcerias e a continuidade do grupo de trabalho (GT).

"Essa pauta teve uma liderança da nossa Secretaria da Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e AssistĂȘncia Social, mas é um tema que deve ter um envolvimento de todas as ĂĄreas do governo no enfrentamento ao racismo. Afinal, o racismo é estrutural e, se estruturalmente estĂĄ presente na sociedade, naturalmente estĂĄ dentro das instituições também, porque são feitas de pessoas. Por isso a importância de identificar pontos a serem melhorados. O trabalho é bastante consistente pelo que pude ver hoje e jĂĄ estĂĄ sendo analisado pela nossa equipe que recebeu o relatório anteriormente, para que sejam implementadas ações o quanto antes", afirmou o governador.

O GT foi instituĂ­do logo após o governador receber o Movimento Vidas Negras Importam, em 2 de julho de 2020, que se posiciona contrĂĄrio ao arquivamento do caso relativo à morte do engenheiro eletricista Gustavo Amaral, 28 anos, no municĂ­pio de Marau. A vĂ­tima coordenava uma equipe de eletricistas e dirigia-se ao local de trabalho, sendo ele o Ășnico negro. Em uma barreira que pretendia deter uma ocorrĂȘncia de furto de veĂ­culo, foi alvejado por trĂȘs tiros em uma ação policial ao ser confundido com um bandido.

Durante todo o processo do GT, houve nove reuniões com especialistas, professores e organizações da sociedade civil (OSCs) que debateram a causa e as consequĂȘncias do racismo estrutural. A partir das discussões, foi emitido um relatório com dados do nĂșmero expressivo de mortes e violĂȘncia contra a população negra no Estado e seus indicadores.

"As propostas evidenciam a importância de o Estado implementar ações com planejamento especĂ­fico, orçamento, recurso, avaliação e reavaliação administrativa com foco no combate à discriminação e às mortes da população negra, principalmente na atuação policial", frisou a secretĂĄria da Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e AssistĂȘncia Social, Regina Becker.

De acordo com o vice-governador e secretĂĄrio da Segurança PĂșblica, Ranolfo Vieira JĂșnior, algumas ações propostas pelo grupo jĂĄ vĂȘm sendo trabalhadas com as forças de segurança estaduais no âmbito do RS Seguro, um programa transversal e estruturante do governo.

"Muitos dos dados trazidos pelo relatório tĂȘm as mesmas fontes inspiradoras do RS Seguro. Além disso, dentre os quatro eixos do programa, o segundo, de PolĂ­ticas sociais preventivas e transversais, adotou ações bem importantes. Por exemplo, criamos a delegacia de polĂ­cia de combate à intolerância, em que o Rio Grande do Sul é vanguardista, pois poucos Estados tĂȘm uma. Também avançamos na adoção de câmeras corporais portĂĄteis, que jĂĄ estão em testes em ações-piloto da Brigada Militar e da PolĂ­cia Civil. Além disso, nossas academias de formação policial hĂĄ muito tempo trabalham a questão dos direitos humanos. Portanto, esse GT com certeza vai contribuir ainda mais para que consigamos minimizar o racismo na atuação da segurança e de todos os órgãos pĂșblicos", afirmou Ranolfo.

Leite aproveitou para antecipar que o mais recente programa transversal de governo, o Avançar, que jĂĄ teve alguns projetos lançados, como Pavimenta, Plano de Concessões e Iconicidades, englobarĂĄ iniciativas em todas as ĂĄreas, como o combate à intolerância. Para isso, segundo o governador, serão endereçados recursos a ações concretas contra o racismo.

Saiba mais

O Grupo de Trabalho de Combate à ViolĂȘncia contra a População Negra foi constituĂ­do interinstitucionalmente, formado por representantes dos órgãos dos poderes Executivo, JudiciĂĄrio, Ministério PĂșblico, Tribunal de Contas, Defensoria PĂșblica, Conselhos, Organizações da Sociedade Civil, professores e pesquisadores.

Também participaram do ato de entrega do relatório o secretĂĄrio de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo, Mauro Hauschild; o diretor do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania da Secretaria da Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e AssistĂȘncia Social (SICDHAS), OtĂĄvio Pedeli; o representante do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra do Rio Grande do Sul (Codene), Ubirajara Carvalho Toledo; e o representante do Movimento Vida Negras Importam, Gilvandro Antunes; além de outros representantes do governo e de organizações da sociedade civil.

O QUE CONTEMPLA O RELATÓRIO

Propostas

• Instalação, criação e acompanhamento
• Secretaria específica contra o racismo
• Selo de acreditação
• Ouvidoria antirracista
• Fiscalização
• Apresentação de relatórios anuais
• Relatório de cotas nas instituições pĂșblicas
• ConferĂȘncia estadual com a temĂĄtica das diversidades
• Parceria com a ONU
• Decreto/lei

Grupo de trabalho

• Comissão de Letalidade
• ComitĂȘ de Monitoramento
• Renovação do GT

Ensino

• Capacitação sistĂȘmica dos agentes de segurança
• Direitos humanos no setor privado
• Concursos pĂșblicos

Treinamento

• Protocolo de abordagem 1
• Protocolo de abordagem 2
• Protocolo de abordagem 3
• Uso proporcional da força
• Técnicas apuradas de defesa pessoal

Tecnologia

• Controle interno e externo da atividade policial
• Banco de dados de ações
• Uso de câmeras e GPS

Recursos financeiros

• Destinação de recursos financeiros para órgãos pĂșblicos que trabalhem diretamente com questões étnico-raciais

Texto: Carolina Zeni/Ascom SICDHAS e Vanessa Kannenberg
Edição: Secom

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