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Criminosos usam a inteligência artificial para manipular imagens de pessoas famosas e lucrar com a venda de produtos falsos no Brasil

Por REDAÇÃO em 18/12/2023 às 08:27:09
Além de usar o rosto, os criminosos manipulam a voz de pessoas famosas em seus anúncios Foto: Reprodução de TV

Além de usar o rosto, os criminosos manipulam a voz de pessoas famosas em seus anúncios Foto: Reprodução de TV

William Bonner, Luciano Huck, Dráuzio Varella, Marcos Mion, Sandra Annenberg, Ana Maria Braga, entre outros famosos, tiveram as suas imagens usadas em anúncios falsos criados por criminosos com inteligência artificial.

Os golpistas utilizam a tecnologia para lucrar com anúncios falsos que funcionam como armadilhas para enganar pessoas nas redes sociais. É uma fraude em cima da outra: uso indevido da imagem, produto falso e golpe financeiro – tudo veiculado na internet.

Além de usar o rosto, os criminosos manipulam a imagem e a voz de pessoas anônimas e famosas em seus anúncios, que foram pagos para serem veiculados, impulsionados e direcionados para públicos específicos.

"É horrível você saber que tem gente que está vendo aquilo e achando que é você que está falando ali", disse o médico Dráuzio Varella.

Uma vítima recorrente desses criminosos é o apresentador do Jornal Nacional, da TV Globo, William Bonner. "Como jornalista, eu não posso fazer propaganda. Então, são dois riscos enormes. Um é propaganda de produtos: não posso fazer. O outro é propaganda política: porque se usam a inteligência artificial para simular a venda de um produto qualquer, também usam para a venda de um político qualquer. Das duas formas, é um crime e das duas formas eu estou sendo lesado", disse Bonner.

Segundo informações divulgadas pelo programa Fantástico, bancos também são alvo dos golpes. Contra o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o golpe teve outro detalhe: além de usar o nome da instituição para fraude, os criminosos mandaram a conta do anúncio para o banco. Quando alguém cai no golpe, o banco perde credibilidade.

"A pessoa se revolta, inclusive, contra o próprio banco. Porque acha que o banco eventualmente poderia ter evitado essa fraude. E nós não temos como evitá-la. Nós pedimos às plataformas digitais que nos informassem os nomes das pessoas para que a gente possa processá-las. E, infelizmente, não obtivemos ainda essa informação, mas nós vamos buscar reparação judicial", disse o diretor de Compliance e Riscos do BNDES, Luiz Navarro.

O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ayres Britto sugere que, nesse caso, sejam aplicados os princípios gerais do direito. "Que princípios são esses? São coisas assim: não se pode tirar partido da própria torpeza. Quem tem o bônus, deve ter o ônus. Então, se nós aplicarmos os princípios gerais de direito a esse caso, vamos concluir que nenhuma empresa, nenhuma big tech, por exemplo, nenhum aplicativo pode tirar a partir de comunicações inverídicas, falsas, sem a corresponsabilidade. Elas se corresponsabilizam por isso. Porque quem tem o bônus, que elas ganham com isso, tem que ter o ônus", defende.

O Conar (Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária), formado por veículos de comunicação, agências de publicidade e anunciantes, tem um código de ética.

Os veículos têm um sistema de controle na recepção dos anúncios e recusam, bloqueiam e rejeitam os claramente irregulares. Denúncias do público ou de partes que se sintam prejudicadas precisam ser imediatamente avaliadas. O Conar afirmou que está negociando com as redes sociais, mas que elas ainda não aderiram à autorregulação.

Big techs

Questionadas na Justiça, as redes sociais alegam que o marco da internet garante a liberdade de expressão. Mas o marco se refere à opinião, não a anúncios. Para propaganda, não há lei específica no Brasil.

O TikTok respondeu, em nota, que suas políticas de mídia sintética e manipulada deixam claro que ele não permite mídia sintética que contenha a imagem de qualquer pessoa real que não seja pública e não permite mídia sintética de figuras públicas se o conteúdo for usado para endossar ou violar qualquer outra política.

Além disso, segundo a nota, sempre que qualquer pessoa encontrar algum vídeo com conteúdo que acredite violar suas diretrizes, seja ele a respeito de qualquer assunto, é possível fazer a denúncia dentro do próprio aplicativo. E explica: é só manter o vídeo na tela pressionado e um menu irá aparecer. Após isso, selecionar "relatar" e seguir as instruções na tela.

Também em nota, a Meta afirmou que não permite anúncios que promovam atividades fraudulentas, que revisa conteúdos usando tanto inteligência artificial quanto equipes humanas e remove quando constatadas violações das políticas da empresa. Também afirma que não teve acesso ao relatório da NetLab e que, portanto, não pode fazer comentários específicos a respeito de suas conclusões."

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