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Petrobras limita pedidos e ameaça abastecimento interno

Cotação do barril de petróleo passa dos 80 dólares pela primeira vez em oito anos e estatal brasileira diminui pedidos para distribuidoras

Por REDAÇÃO em 19/10/2021 às 08:01:21
Preço no mercado internacional está mais elevado do que o praticado no país e distribuidoras descartam importação (Foto: Filipe Faleiro)

Preço no mercado internacional está mais elevado do que o praticado no país e distribuidoras descartam importação (Foto: Filipe Faleiro)

Diante do alto preço para importação de petróleo, a Petrobras anuncia "cortes unilaterais" em novembro para pedidos. A informação foi levada à Agência Nacional do Petróleo (ANP) e para sindicatos representativos de 43 empresas donas de redes de distribuição.

Por meio de nota, a Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom) alerta: "as reduções promovidas pela Petrobras, em alguns casos chegando a mais de 50% do volume solicitado para compra, colocam o país em situação de potencial desabastecimento."

Em nota, a entidade afirma que não há alternativas de suprimento de gasolina e diesel, pelo fato das importações serem inviáveis devido a diferença nos preços domésticos e externos. Na comparação com o praticado no mundo, a defasagem no preço seria de 14% para a gasolina e 18% para o diesel.

Pela análise da associação, a Petrobras tem autossuficiência em petróleo, mas não consegue refinar o suficiente para o consumo interno. A Brasilcom diz que as distribuidoras tentam comprar da Petrobras, pois está mais barato do que importar. Como não tem produto para oferecer, está reduzindo as cotas de vendas futuras para não ficar sem às distribuidoras.

"Com isso, as distribuidoras terão de importar mais caro para não faltar produto e, repassar o custo a revenda, tirando, então, a responsabilidade da Petrobras e do governo deste possível aumento para sanar a defasagem", diz a nota.

O risco de desabastecimento foi levado à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A reguladora descarta esse perigo de faltar combustíveis. Ainda assim, o assunto é acompanhado pelos técnicos da agência.

Preço dispara no mundo

O preço do barril de petróleo ultrapassou 80 dólares (R$ 436), foi a primeira vez em oito anos. No ano passado, em meio ao avanço da covid-19, as restrições de circulação das pessoas fez os preços caírem. Neste mesmo mês em 2020, o mesmo tipo de petróleo cru, o West Texas Intermediate (WTI), custava 40 dólares.

O aumento em um ano carrega consigo uma série de fatores, avalia a economista Cintia Agostini. Entre os quais, a retomada das atividades produtivas no mundo, a menor oferta por parte das nações da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e a a estratégia de grandes conglomerados em segurar a oferta. "Essa situação é negativa para os consumidores, mas positiva para as grandes empresas", resume.

De acordo com ela, não é só o combustível que traz impacto para a população. "O petróleo é a base de mais de 3 mil produtos. Com o barril neste preço, há aumento de preços em todos os segmentos". A partir disso, a economista destaca a perspectiva de continuidade de alta da inflação para os próximos meses.

"Ainda vamos passar por turbulências"

A revisão na cota da Petrobras trará mais efeitos às pequenas distribuidoras. É o que afirma o presidente da Sulpetro-RS, João Carlos Dal"Aqua. Para ele, a instabilidade no mercado de combustíveis é fruto da retomada econômica dos países.

A Hora – Como a Sulpetro avalia o risco de desabastecimento?

João Carlos Dal"Aqua – A informação que temos está atrelada à dificuldade de importação. Há uma grande defasagem de preços. Quem mais vai sofrer com a redução da cota de compra da Petrobras são as pequenas distribuidoras.

A estatal tem um compromisso, com uma cota definida. Aqueles que compram em maior escala terão mais condições de manter os estoques. O fato hoje é que ninguém está importando. Só a Petrobras mesmo.

Agora, não vejo que isso trará transtorno de abastecimento no país. Mas não podemos garantir nada. Acredito que não vai faltar combustível para criar um desabastecimento. Se trata de uma acomodação temporária.

– Em termos de perspectiva, quando haverá uma regularidade na entrega de combustíveis às distribuidoras?

Dal"Aqua – O mercado é tão ardiloso que é difícil fazer qualquer previsão. Não se trata só da tributação, de retirar o ICMS, como se debate. No mercado internacional de petróleo, o cenário ainda está indefinido. Ainda vamos passar por turbulências. Se a regularização das cotas vão levar um mês, dois ou três, não sabemos.
É um problema internacional. Todos os países estão nesta retomada econômica e inflacionária, pagando o preço da economia parada no ano passado.

Fonte: A. HORA/Filipe Faleiro

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