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Elaborada pelo Centro Internacional de Equidade em SaĂșde, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com apoio da organização Umane, uma pesquisa verificou mais de 1 milhão de partos do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) de 2020 a 2022 e constatou que 40% das meninas dessa faixa etĂĄria começaram a fazer o pré-natal depois dos primeiros trĂȘs meses de gestação. A situação não é a adequada.
O pré-natal é um conjunto de medidas capazes de reduzir os riscos de saĂșde para a mãe e o bebĂȘ. Esse acompanhamento inclui colocar as vacinas da gestante em dia, fazer exames laboratoriais, como os de sangue, fezes e urina, e de imagem, como o ultrassom.
Com o objetivo de comparar as proporções e evidenciar que, quanto mais novas as mães, menor é o acesso a esse serviço de saĂșde, o estudo destaca que a porcentagem de adolescentes de até 19 anos que fizeram pré-natal no primeiro trimestre é 30%.
iniciaram o pré-natal após o primeiro trimestre de gestação. A pesquisa é a primeira a cruzar a faixa etĂĄria com dados sobre o inĂcio do acompanhamento da gravidez em adolescentes.
Os autores que conduziram as anĂĄlises sublinham as disparidades entre regiões do paĂs. No Norte, quase metade das meninas com menos de 14 anos de idade tiveram a possibilidade de fazer o pré-natal depois de trĂȘs meses grĂĄvidas. No Sudeste, a porcentagem cai para 33%.
As meninas indĂgenas, especialmente as do Norte e Centro-Oeste, formam o grupo com mais casos de atrasos de pré-natal. Ao todo, 49% delas vivenciaram essa experiĂȘncia, contra 34% das meninas brancas.
Em relação à escolaridade, o que se identifica é que, quanto menor o tempo de educação formal, maior a chance de o pré-natal ser adiado. Quando as meninas frequentam a escola por menos tempo do que quatro anos, tendem a ter menos acompanhamento (49%).
Outro aspecto especialmente relevante na atual conjuntura do paĂs, como assinalam os autores do estudo, é o fato de que uma em cada sete adolescentes (14%) iniciaram o acompanhamento após 22 semanas de gestação. Quanto a este dado, dizem que serve de argumento para se debater o recente projeto de lei que visa limitar o aborto legal para vĂtimas de estupro até 22 de semanas de idade gestacional.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança PĂșblica (FBSP), que compila dados sobre violĂȘncia contra mulher, em 2019 e 2020, foram registrados 42.252 e 35.644 estupros de vulnerĂĄvel. Em 2021 e 2022, foram notificados 44.433 e 48.921. Vale lembrar que o estupro de vulnerĂĄvel também se caracteriza quando a vĂtima é maior de 18 anos, mas não pôde, no momento da agressão sexual, oferecer resistĂȘncia e se defender. Por isso, são considerados, por exemplo, estupros de mulheres embriagadas, sob efeito de entorpecentes ou com uma deficiĂȘncia que a impeça de se proteger do agressor.
Conforme aponta a principal autora do artigo que divulga os resultados da pesquisa, a acadĂȘmica Luiza Eunice SĂĄ da Silva, do Centro Internacional de Equidade em SaĂșde da UFPel, mais do que emitir um sinal sobre a suscetibilidade dos bebĂȘs, o quadro que se revela tem relação com as opções de saĂșde reprodutiva das meninas.
Especialistas jĂĄ demonstraram que meninas de 10 a 14 anos foram as principais vĂtimas de estupro, pelo menos no perĂodo de 2015 a 2019..
Fonte: AgĂȘncia Brasil