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Em uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (5), 30 ex-chefes de Estado, do governo da Espanha e de países da América Latina pediram que Lula assegure o compromisso com a democracia na Venezuela.
"Os ex-Chefes de Estado e de Governo que subscrevem esta mensagem, membros da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (IDEA), exortamos a Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Federativa do Brasil, a reafirmar seu inquestionável compromisso com a democracia e a liberdade, as mesmas de que gozam seu povo, e a fazê-la prevalecer também na Venezuela", diz a carta.
O documento é assinado por integrantes do grupo IDEA, fórum composto por 37 ex-líderes mundiais. Entre os firmantes, estão os ex-presidentes Maurício Macri, da Argentina; Álvaro Uribe e Iván Duque; Vicente Fox, do México; Guillermo Lasso, do Equador; Carlos Mesa, da Bolívia.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também integra o fórum, mas não assina a carta enviada a Lula. Na semana passada, o grupo já havia pedido a Lula, em outra carta enviada ao presidente, que reconhecesse a vitória do candidato oposicionista Edmundo González.
Lula ainda não reconheceu a vitória de Maduro declarada pelo CNE e cobrou do governo venezuelano na semana passada a divulgação das atas eleitorais, documentos que registram votos e o resultado em cada local de votação e que ainda não foram divulgadas oficialmente por Caracas.
"É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata", declarou Lula na ocasião.
A oposição venezuelana alega que González venceu, com base na contagem das atas eleitorais. Os EUA reconheceram vitória de González. E, no sábado (3), uma contagem independente das atas eleitorais feita pela agência de notícias Associated Press (AP) indicou que o candidato oposicionista venceu o pleito, realizado na semana passada, com uma diferença de 500 mil votos.
A Venezuela foi às urnas na semana passada, e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que corresponde à Justiça eleitoral na Venezuela, anunciou vitória de Maduro mesmo sem divulgar as atas eleitoriais. O CNE, que é comandando por um aliado do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, alegou demora no sistema de contagem de votos por conta de um ataque cibernético.
A oposição disse ter tido acesso a mais de 80% das atas por meio de representantes que compareceram à grande maioria dos locais de votação, e criou um site onde colocou todos os documentos. A checagem da AP foi feita com base nessas atas.
"O que está acontecendo é um escândalo. Todos os governos americanos e europeus sabem disso. Admitir tal precedente prejudicará mortalmente os esforços que continuarão a ser feitos com tanto sacrifícios nas Américas para defender a tríade da democracia, do Estado e dos direitos humanos. Não exigimos nada diferente do que o próprio presidente Lula da Silva preserva em seu país", diz ainda o documento.
Edmundo González, opositor a Maduro, se autoproclamou o novo presidente da Venezuela nessa segunda-feira (5). A oposição, liderada por González e por María Corina Machado, contesta o resultado da eleição.
"Nós vencemos esta eleição sem qualquer discussão. Foi uma avalanche eleitoral, cheia de energia e com uma organização cidadã admirável, pacífica, democrática e com resultados irreversíveis. Agora, cabe a todos nós fazer respeitar a voz do povo. Procede-se, de imediato, à proclamação de Edmundo González Urrutia como presidente eleito da República", disse comunicado assinado por González e por María Corina Machado, líderes da oposição.
A autoproclamação de González tem caráter simbólico, porque segundo a legislação venezuelana quem tem poder legal de proclamar um novo presidente é o CNE, autoridade eleitoral do país.
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