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Organização criminosa PCC pesquisou as residências oficiais dos presidentes da Câmara e do Senado

Por REDAÇÃO em 10/12/2023 às 08:30:08
Arthur Lira (E) e Rodrigo Pacheco (D) seriam alvo de uma "missão", que ainda não se sabe ao certo qual era. (Foto: EBC)

Arthur Lira (E) e Rodrigo Pacheco (D) seriam alvo de uma "missão", que ainda não se sabe ao certo qual era. (Foto: EBC)

A organização criminosa PCC mapeou em Brasília as residências oficiais dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ainda não se sabe qual era o objetivo do plano, mencionado como "missão". É o que apontam relatórios de inteligência da Polícia Federal (PF) e Ministério Público de São Paulo (MP-SP) produzidos neste ano.

Além disso, o PCC enviou integrantes de seu grupo de elite à capital federal para colocar a ideia em prática. A análise de telefone celular apreendido com um dos alvos da encontrou fotos aéreas – e comentários – dos imóveis dos dois chefes do Congresso Nacional. As imagens foram capturadas por meio da internet em novembro de 2022.

A descoberta se deu em meio à ofensiva deflagrada em março deste ano para desarticular um plano de sequestro do ex-juiz da operação Lava-Jato e hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR). Um dos trechos do relatório salienta:

"Após a quebra de sigilo de celulares apreendidos, foram encontradas imagens, com comentários, capturadas na internet no dia 29 de novembro de 2022 pelos criminosos da célula Restrita [espécie de grupo de elite criado para "situações diferenciadas" do PCC] e que tinham como foco as residências oficiais dos presidentes das duas casas legislativas federais".

Também foram encontrados registros no celular de pesquisa do site Trovit sobre imóveis para compra na Península dos Ministros, no Lago Sul — região de Brasília onde ficam as residências dos chefes do Legislativo.

Para os investigadores do MP-SP, esses indicativos "demonstram que houve determinação da cúpula para que esse setor do PCC, a célula Restrita, realizasse esses levantamentos das referidas autoridades da República". O relatório do MP-SP acrescenta que em 9 de maio deste ano, dois meses após a operação envolvendo Sério Moro, um chefe da célula criminosa acionou outros companheiros para a ação – ele foi preso mas ainda não se chegou às identidades desses outros integrantes, mencionados apenas por apelidos.

Entre maio e julho a célula criada para a "missão em Brasília" gastou aproximadamente R$ 2.500 por mês com o aluguel do imóvel que seria utilizado como base de apoio ao PCC. O relatório não aponta a localização. Outros R$ 45 mil bancaram, em cerca de 60 dias, a compra de celulares, e despesas com alimentação, transporte, hospedagem, além do investimento em móveis, eletroeletrônicos e até IPTU da casa.

Especialização em atentados

Conforme o MP-SP, a célula de elite foi criada para atuar em "situações diferenciadas, com alto grau de risco e sigilo e risco", geralmente ordenadas por líderes do PCC isolados em penitenciárias federais:

"As ações desenvolvidas costumam ser extremamente graves e de grande repercussão nacional, normalmente ligadas a atentados contra autoridades e servidores graduados, não só das forças de segurança, mas também do Ministério Público e dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário".

O grupo seleto teria surgido em 2014, após a facção (criada há 30 anos) estabelecer uma aliança com a guerrilha Exército do Povo Paraguaio (EPP), do país vizinho. No foco da parceria estava o treinamento de tiro, explosivos e táticas de guerra.

Conforme os investigadores, os planos de ataque têm como pano de fundo a retaliação contra o veto a visitas íntimas nos presídios federais, onde estão detidos a maioria dos líderes da organização. Como a proibição tem sido mantida há anos, afirmam os promotores, a facção tem optado por planos para tentativas de resgate dos líderes e por atentados.

"A liderança do PCC, durante esses 30 anos de sua existência, sempre optou por ações violentas preconizando o terror contra o Estado, quando se procurou impor limites aos seus objetivos criminosos, como ocorreu por exemplo nos atentados de maio de 2006 em São Paulo", afirma o relatório do MP-SP.

No início de novembro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública mudou protocolo de transferência de presos após a descoberta de um possível plano para libertar Marcos Willians Camacho, o "Marcola", líder do PCC e que está na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Brasília.

O SUL/Marcello Campos

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