Tensão. Pânico. Medo. Perseguição e muitos disparos de arma de fogo marcaram a noite de Guaporé. A comunidade, que conviveu com o primeiro semestre mais violento da história com o registro de 10 homicídios e uma série de ações/operações bem sucedidas das forças da segurança pública para prevenir e estancar a criminalidade, se deparou na quinta-feira, dia 20 de julho, por volta das 21 horas, com mais uma situação envolvendo a guerra de facções pelo domínio/comando dos pontos de comercialização de drogas e pela rápida resposta da Brigada Militar (BM). Quatro homens, após o cometimento de um atentado, confrontaram com policiais na área central. O resultado: dois mortos, um baleado/preso e um ainda não localizado.
De posse de informações que criminosos estavam se preparando para a realização de mais um crime contra a vida (homicídio) e um atentado, provavelmente contra um estabelecimento comercial, policiais militares, equipes da Força Tática e guarnições do 4º Pelotão da BM, comandados pelo tenente Júlio César de Oliveira Greff, que desenvolviam a operação "SULMaSSP", estavam em alerta. Ao serem comunicados que quatro homens, a bordo de um automóvel GM/Onix, cor bordô e placas clonadas, haviam efetuado diversos disparos de arma de fogo em direção a uma residência no bairro São José, os policiais, que estavam nas proximidades, iniciaram o acompanhamento.
Pelas vias urbanas da área central, os criminosos dispararam contra a viatura. A tentativa era evitar a continuidade da perseguição e, consequentemente, a prisão do bando. Em vão. A equipe revidou e o veículo seguiu em alta velocidade pela rua Manoel Francisco Guerreiro em direção ao bairro Planalto (Capela Nossa Senhora Aparecida). Na fuga, pararam e, três empreenderam fuga a pé. Houve intensa troca de tiros e criminosos foram alvejados. Um deles, identificado como Rafael Da Cunha da Silva, 25 anos, que disparou contra os policiais, não resistiu e morreu durante o socorro dos profissionais do SAMU. Outro, de 19 anos, ferido no braço, foi preso no pátio de uma residência. Ele, que possui envolvimento em ocorrência de explosão em agências bancárias de Paraí e roubo de veículo, tentou arrombar o imóvel para se esconder, mas não conseguiu. Um terceiro, ainda não identificado, permaneceu dentro do automóvel (situação de furto/roubo). Socorrido ao Hospital de Guaporé pelos servidores do 3º Pelotão do Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS), o criminoso, em estado gravíssimo, foi transferido para uma casa de saúde de Caxias do Sul. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu. Em fuga pelas vias urbanas, o quarto integrante do bando não foi localizado e preso. Informações extraoficiais dão conta que teria se escondido em pátios de residências das proximidades. Policiais realizaram incessantes buscas, mas não lograram êxito na sua localização. Vestígios foram encontrados. Há possibilidade de que, assim como os demais, tenha sido alvejado.
Os policiais apreenderam dois revólveres calibre .38, diversos estojos deflagrados, touca ninja, mochilas com roupas e aparelhos de telefone celular. Dentro do Ônix, havia um galão de gasolina que seria utilizado em ação criminosa, e um conjunto de alça, capacete e pino de uma granada.
O tenente-coronel Artur Marques de Barcellos destacou que os criminosos estavam em Guaporé, provavelmente, para o cometimento de uma execução.
"Possuíamos informações de um possível atentado contra indivíduos em Guaporé e, na noite da quinta-feira, o fato aconteceu. A situação não é a mais desejada, muito pelo contrário, mas estávamos atentos, atuantes, presentes na região para evitar um mal maior e evitar que outras pessoas fossem vitimadas na ocorrência. Infelizmente a situação acabou dessa maneira, restando o confronto dos criminosos com as guarnições", disse, informando que nenhum policial ficou ferido durante a ação.
Apavorada com os momentos vividos ao longo de 2023, a comunidade percebe que as forças da segurança pública não medem esforços e se desdobram para proporcionar tranquilidade a todos. O tenente-coronel Barcellos afirmou que os policiais continuarão trabalhando com força e presentes em todos os cantos para prevenir e evitar as ações criminosas.
"A Brigada Militar continua trabalhando com força e presente na comunidade. Vamos nos manter em alerta e combatendo a criminalidade. Tivemos recentemente apoio do Batalhão de Choque de Caxias do Sul, das equipes da Força Tática de Bento Gonçalves e Nova Prata, entre outras forças da segurança. Vamos continuar atuando de maneira mais focada e enérgica. Esperamos que, num curto espaço de tempo, a situação volte a se normalizar em Guaporé", destacou.
O suspeito preso (18 anos), que deverá ser transferido para uma unidade hospitalar de Lajeado, foi autuado em flagrante por homicídio tentado. Após alta, será encaminhado para o sistema prisional gaúcho onde ficará à disposição da Justiça.
