Tarde de Campo em Montenegro debate tecnologias para a citricultura

Discutir alternativas que visem produzir mais e melhor, sem que isso signifique necessariamente grandes investimentos. Este foi um dos objetivos da Tarde de Campo sobre Tecnologias para a Citricultura – atividade realizada na quarta-feira (26/04), na propriedade da família Viegas, da localidade de Calafate, em Montenegro. Organizado pela Emater/RS-Ascar e pela Câmara de Citricultura do Vale do Caí, o evento contou com quatro estações em que se debateram temas, como, irrigação, reservação da água, energia solar e manejo da pulverização.

Na ocasião cerca de 150 pessoas entre agricultores, técnicos, representantes de entidades e de empresas e lideranças prestigiaram o encontro. Esta é a segunda vez que a família Viegas é anfitriã de uma ação do tipo – no ano passado, dezenas de produtores participaram da Tarde de Campo no mês de abril. Com uma ampla tradição no cultivo de bergamotas e laranjas, o casal Fabiano e Patrícia – com o apoio da mãe de Fabiano, a dona Vera – investe permanentemente no pomar que, hoje, conta com 18 hectares das variedades Caí, Pareci, Ponkan, Morgote e Montenegrina, além de Laranja do Céu.

As entregas são feitas na Ceasa/RS durante boa parte do ano – com a safra sendo garantida também pelos açudes para captação da água, o que minimiza os efeitos da estiagem, com a oferta permanente do recurso hídrico. "Nesse sentido é importante poder compartilhar esse tipo de experiência", avalia Fabiano, que cita as linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) como um caminho para a implantação das tecnologias. "Nossa família produz citros desde os anos 40, quando meu avô levava as frutas de casa em casa, sendo fundamental aliar essa tradição com a modernidade" comenta.

Nesse sentido, uma das novidades da propriedade em relação ao evento do ano passado, diz respeito à implantação de uma usina de energia solar fotovoltaica. Com 26 painéis, o sistema tem representado uma economia mensal na conta de luz. "Hoje estou pagando apenas a taxa da fornecedora, sendo este mais um investimento que certamente vale a pena", frisa. Parceira da atividade, a empresa 300 Energy, de Lajeado, forneceu informações não apenas sobre os caminhos para acessar projetos do tipo e quais seus benefícios e vantagens, mas também sobre as legislações específicas para o setor.

Atento a tudo o que envolve os aspectos tecnológicos de uma propriedade, Fabiano também explicou aos participantes como a adoção de uma unidade experimental com o uso de irrigação por gotejamento de água também pode ser vantajoso. "Na realidade a irrigação como um todo torna a safra satisfatória, já que ela não apenas antecipa a colheita das variedades precoces, como lhes confere homogeneidade, uma boa carga no pé, resistência e, o principal, sabor", pondera, ressaltando ainda a geração de renda antecipada já que a fruta chega antes, com preço bom e com qualidade para o consumidor.

Foto divulgação: Emater/RS

De forma complementar, extensionistas da Emater/RS-Ascar apontaram alternativas para a armazenagem da água – por meio de cisternas, açudes e microaçudes, bem como os fluxos para a consolidação de projetos. Na estação também foi destacado o solo como o maior reservatório de água possível, o que se obtém com coberturas verdes, plantio em nível, preservação de matas ciliares e quebra-ventos, entre outros manejos. "Muitas vezes ignoramos a importância do solo nesse contexto de equilíbrio nutricional" lembrou a extensionista da Emater/RS-Ascar Luisa Leupolt Campos.

Entre as lideranças presentes na tarde de campo estiveram o prefeito de Montenegro Gustavo Zanatta e o gerente adjunto da Emater/RS-Ascar Carlos Lagemann, além de representantes de prefeituras, secretários e outros. Representando a Divisão Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Governo do Estado esteve Paulo Lipp João que valorizou o evento, salientando o esforço coletivo de diversas entidades em instrumentalizar os agricultores para novas tecnologias disponíveis. Na ocasião, uma comitiva do Acre também esteve presente com o objetivo de estabelecer um intercâmbio de conhecimentos entre ambos os Estados. Os extensionistas Marcelo Brandoli, Fábio Encarnação, Gustavo Vargas, Valmir Michels e Everaldo da Silva também estiveram diretamente envolvidos na atividade.

Fonte: Emater