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Moradores de Taquari contestam investimento milionário para destinação de lixo

Empresa paulista pede licença ambiental para construir aterro sanitário de R$ 20 milhões. Comunidade resiste e alega falta de transparência no processo

Por REDAÇÃO em 11/02/2022 às 07:27:34
A 1.600 metros do aterro sanitário, poço artesiano abastece 158 famílias - Foto divulgação: Ramiro Brites

A 1.600 metros do aterro sanitário, poço artesiano abastece 158 famílias - Foto divulgação: Ramiro Brites

O licenciamento prévio para a construção de um aterro sanitário tramita na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). O projeto deve processar o lixo de municípios em um raio de 100 quilômetros da central de tratamento de resíduos. Entre as cerca de 40 cidades que podem destinar os rejeitos ao empreendimento, estão Santa Cruz do Sul, Bento Gonçalves, Montenegro e Lajeado.
O processo é alvo de crítica dos moradores do Distrito de Amoras. Eles temem que o depósito de lixo destrua a fauna local, comprometa a produção agrícola e polua nascentes de água.

A comunidade também afirma que a audiência pública, fase necessária à concessão de licença, não foi divulgada de forma ampla.
"Nós ficamos sabendo da audiência cerca de 12 horas antes e foi virtual. O nosso povo não tem acesso a esse tipo de programação", diz o líder da comunidade católica local, Leo Piovesan.

O governo do Estado teria disponibilizado um computador na creche Pequeno Aprendiz para os moradores participarem da reunião que ocorreu em 27 de janeiro. Comunidade alega que o espaço é pequeno e não comportaria todos os interessados. Mais de 100 pessoas se reuniram no salão comunitário na noite de terça-feira, 8, para discutir o assunto. O grupo pede uma nova audiência.

Passivo ambiental

Os moradores montaram um dossiê, com mais de 20 páginas, onde contestam o projeto. Um dos principais pontos é a distância do poço que abastece 158 famílias. Segundo o documento, a fonte de água está, em linha reta, a 1,6 quilômetros da central de tratamento de lixo.

"Quem me garante que esse poço não será afetado pelo aterro sanitário?", questiona o presidente da associação de águas do Distrito de Amoras, Vilson Silva de Souza.

Agricultor e pecuarista, Alexandro Pereira da Silva afirma que o projeto apresentado para a Fepam não contempla as nascentes de água do local. "A gente não sabe porquê foi omitido que a região tem nascentes. O Aquífero Guarani aflora ali".

Pesquisa encomendada

O prefeito André Brito afirma que não irá opinar sobre o empreendimento antes de um levantamento técnico.
A administração vai contratar nos próximos dias geólogos e biólogos que possam esclarecer dúvidas do governo e da comunidade.

"A prefeitura está entrando em contato com especialistas da área, visando à contratação técnica para análise e elaboração de pareceres técnicos", anuncia Brito.

Também foi criada uma comissão técnica para acompanhar o processo de licença. Servidores serão responsáveis pela "formalização de questionamentos junto ao órgão ambiental", diz nota.

Cinco anos de estudos

Durante a audiência pública, técnico da empresa responsável pela obra informou que os estudos de viabilidade iniciaram em 2017. Ele afirma que o local não tem matas nativas, não há vestígios arqueológicos e está a uma distância mínima de 1,5 quilômetro de núcleos populacionais.

A empresa anunciou medidas como redução da emissão dos gases do efeito estufa a partir da geração de energia. Outra iniciativa para mitigar o efeito ambiental é a instalação de Usina de Triagem para produção de materiais recicláveis.

Para reduzir o impacto social, também são propostas melhorias no posto de saúde e na creche da localidade. A reportagem entrou em contato com a empresa e com a Fepam. Ambas organizações afirmaram não ter tempo hábil para resposta até o fechamento desta edição.

Fonte/Texto:Ramiro Brites da Silva/A. HORA

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